Requiem O Final que Ninguém Viu





Requiem
O Final que Ninguém Viu

Requiem pode ser considerado o verdadeiro final de Caverna do Dragão. Escrito há quase 25 anos, a história traz algumas revelações surpreendentes e um desfecho que certamente agradaria os fãs. “Eu gostaria que o episódio se chamasse Redemption (Redenção), mas a emissora achou que este nome dava muito na cara”, diz Michael Reaves. Com a série cancelada, o roteiro nem chegou a virar desenho.
Ato 1 – Plano dos Sonhos
Um platô surreal, árido e monótono, envolvido em neblina. Ao fundo, indistintamente, vislumbram-se monolitos de basalto entre a névoa, que sugerem enormes dolmens e menires, como os de Stonehenge. Não se pode dizer se é dia ou noite, a própria névoa cinzenta parece luminosa. Ouvem-se ventos, distantes.
Mestre dos Magos: – Vingador?
De outro ângulo, vê-se que o Mestre dos Magos encontra-se no meio daquela desolação, olhando em volta. Ele não está com medo, no entanto não parece entusiasmado em estar ali.

Vingador: – Velho, estou aqui.
O Mestre dos Magos se vira a tempo de ver um raio mágico atingir um monolito. Ele racha de um lado ao outro, revelando o Vingador em meio à névoa rodopiante. Ele baixa os olhos até o Mestre dos Magos.

Vingador: – Você é um idiota, Mestre dos Magos.
O Mestre dos Magos levanta uma sobrancelha educadamente, mas não responde.

Vingador: – Seus pupilos estão condenados a falhar. Eles são bravos, mas apenas porque sabem que você os apóia.

Mestre dos Magos: – Não. Eles podem triunfar sobre qualquer coisa no Reino, como você bem sabe. Eles não vão falhar.
O Vingador faz uma carranca, então sorri astuciosamente, como se uma idéia acabasse de lhe ocorrer.

Vingador: – Bem, então… talvez você não oporia a um teste de sua coragem?
O Mestre dos Magos mostra prudência.

Vingador: – Vamos ver quão bravos eles são quando você for embora. Se eles tiverem sucesso, eles acharão a Chave.

Mestre dos Magos: – E se eles falharem… o que perdem?
O Vingador ergue um punho estalando com poder.

Vingador: – Tudo. As armas… e as vidas.
O Mestre dos Magos balança a cabeça e junta as mãos.

Mestre dos Magos: – Então, que assim seja.
CORTE PARA: CHARNECAS – DIA
Sibilando, as sete cabeças da enorme Hydra chicoteiam em nossa direção. Bobby, Hank, Eric, Diana, Sheila, Uni e Presto correm por suas vidas através de uma vastidão lamacenta de charnecas pantanosas com a Hydra em perseguição.

Garotos: – Cuidado! Corram! Lá vem ela! (etc..)
A Hydra ruge, avançando pesadamente, grande o bastante para esmagar pequenas árvores sob seus pés, com suas cabeças estalando e sibilando para os garotos

Eric: – Faça alguma coisa, Hank! Você é o líder!
Hank pára e dispara uma flecha de energia em direção à Hydra. A flecha se enrosca nos pescoços da Hydra, enlaçando-os por um instante. Mas a Hydra quebra os laços brilhantes e continua vindo.

Hank: – É muito forte!
Enquanto Eric corre, uma das cabeças o alcança e o agarra pela capa, erguendo-o.

Eric: – Socorroooo!!!!
Bobby pára e atinge uma árvore morta com seu tacape, soltando suas raízes. A árvore começa a balançar.

Bobby: – Madeiraaaa!!!
A Hydra continua segurando Eric com uma de suas mandíbulas. A árvore cai e a cabeça se afasta, libertando Eric, que cai. A Hydra sibila, enquanto no chão, Eric se debate na lama. Ele rola e arrasta-se para fora do caminho de outra cabeça na hora certa, escapando.

Eric: – Essa coisa tem mais cabeças que Tiamat!
Diana se esquiva de uma cabeça e salta sobre outra.

Diana: – Não há lugar para se esconder! Ela vai nos pegar, cedo ou tarde!
Presto, Sheila e Uni são encurralados contra uma pequena afloração de rocha por duas cabeças sibilantes e serpenteantes. Presto não tem espaço para usar seu chapéu.

Presto: – Ela nos encurralou!
Uni bala com medo. Bobby levanta seu tacape sobre sua cabeça.

Bobby: – Eu já estou indo mana!
Uma cabeça investe e agarra o tacape de Bobby, erguendo-o do chão. Ele balança, indefeso.

Bobby: – Ahhh!!
Eric se arrasta de quatro pelo chão pantanoso. Não há nada engraçado nisso, ele está rastejando pela sua vida. Então ele olha para cima e sorri com alívio repentino.

Eric: – Tudo bem! Tudo vai ficar bem agora!
Eric aponta. Hank e Diana recuam cautelosamente perante outra cabeça serpenteante. Diana a mantém longe com sua vara. Hank tem uma flecha preparada. Eles arriscam um olhar para cima e também sorriem com alívio.

Hank: – Mestre dos Magos!
O Mestre dos Magos se encontra sobre uma saliência de rocha, olhando para baixo, para seus pupilos, os quais estão arranjados em um semicírculo com a Hydra no meio, suas cabeças balançando na ponta de seus pescoços serpenteantes.

Garotos: – Mestre dos Magos, nos ajude! Tire-nos dessa! O senhor vai dar um jeito, não vai?
O Mestre dos Magos olha para baixo com uma expressão carrancuda.

Mestre dos Magos: – Vocês entraram nisso sozinhos, meus jovens amigos…
A expressão do Mestre dos Magos está mais do que carrancuda agora, está dura, impiedosa.

Mestre dos Magos: – Agora, saiam sozinhos!
Ele se vira e pula da saliência, saindo da vista dos jovens. Eric olha perplexo para cima, sem crer e se desespera.

Eric: – O quê?!
Eric dá um pulo de medo quando ouve o rugido da Hydra, que se aproxima rapidamente dele. Hank mergulha, jogando Eric no chão, fora do caminho de mais uma cabeça. Hank levanta Eric, que tem uma expressão de quem se sente profundamente traído.

Eric: – Eu não acredito! Ele nos desertou!
A Hydra ruge novamente.

Hank: – Nós vamos nos preocupar com isso mais tarde, se houver um mais tarde!
Ele dispara três flechas de energia em rápida sucessão. Enquanto isso, Presto, Sheila e Uni continuam acuados pelas cabeças da Hydra. Uma flecha acerta a rocha que está ao lado deles, criando uma fissura através da qual eles se arrastam. Uni bala de medo.
A segunda flecha atinge o tacape de Bobby, ainda pendurado por uma das cabeças da Hydra. O impacto o liberta, ele cai e corre. Diana repele com esforço outra cabeça com sua vara. A terceira flecha explode com um clarão diante dos olhos da Hydra, fazendo-a recuar, com surpresa.
Diana salta sobre uma pequena rocha e corre. Os garotos se reagrupam, armas prontas diante dos movimentos ameaçadores que a Hydra faz novamente em direção a eles. Uni se aperta junto a Bobby.

Sheila: – Ela continua vindo! O que vamos fazer?
Hank olha em volta em desespero, então aponta para algo ao longe.

Hank: – Por esse lado! Vamos!
Hank começa a correr. Numa visão geral, vêem-se os garotos correndo, tropeçando em raízes e em trechos de lama, chapinhando através de poças doentias, ficando com suas roupas presas em arbustos. Seus rostos estão amedrontados. Uni galopa com eles. A Hydra está nos seus calcanhares enquanto eles correm por suas vidas. Os olhos de Hank estão fixados em algo à frente. Por trás dele uma das cabeças quase o alcança.
Logo à frente, um brejo com aparência repulsiva surge com uma grande poça de água verde e viscosa que parece capaz de matar bacilos da peste bubônica. Os garotos correm direto em sua direção.

Hank: – Preparem-se…
Os garotos e Uni chegam na borda do brejo.

Hank: – Agora! Espalhem-se!
Eles correm cada um para um lado, correndo ao longo das bordas do brejo, ao mesmo tempo em que a inércia da hydra a leva direto para o atoleiro.
Sibilando, a hydra cai no brejo com um grande “splash”! Lama e limo são arremessados pra todos os lados. A hydra afunda no brejo, debatendo-se inutilmente, suas cabeças arremetendo e se torcendo futilmente enquanto ruge e sibila raivosamente.
Os garotos se reagrupam na borda do brejo, fora do alcance da hydra. Eles estão exaustos, sujos de lama, sem fôlego. Presto cai de joelhos. Bobby segura o manto de Sheila. Diana se apóia cansada em sua vara. Uni se estica na lama. Hank se inclina, também sem fôlego, as mãos nos joelhos.

Hank: – Conseguimos. Ainda estamos vivos.
Eric tem uma expressão carrancuda.

Eric: – É, e não foi graças ao Mestre dos Magos.

CORTE PARA: PLANÍCIES DE SAL – ENCRUZILHADA – TARDE
Os dois sóis estão baixos no horizonte, deixando as planícies de sal avermelhadas. Os garotos, parecendo ainda pior do que cansados, estão em uma bifurcação da estrada através dos campos, nenhuma das duas é particularmente atraente, apesar de que a que vai a direção ao leste parecer mais usada.
Um poste de velha madeira cinzenta está colocado na bifurcação. Uma das placas está caída, a outra balança de um prego enferrujado, apontando para o céu. Presto olha pra ela.

Presto: – De acordo com esta placa, as Montanhas de Fogo são…. nesta direção.
Ele aponta para cima, imitando a placa. Bobby pega a outra placa, esfrega um pouco da geada que há nela e lê.

Bobby: – Esta direção para o Mar das Tristezas.
Sheila olha para as duas estradas.

Sheila: – Que ótimo. Qual estrada vai para onde?
Eric parece muito deprimido.

Eric: – Quem se importa? Isso não significa nada (pausa). Eu não posso acreditar que ele nos abandonou daquela maneira.
Eric se encaminha para a estrada do leste. Hank se dá conta de que é sua responsabilidade tomar uma decisão. Ele olha de uma estrada para a outra e então aponta para a estrada do oeste.

Hank: – Nós vamos para o oeste, Eric.
Eric apenas olha para ele. Ele não faz nenhum movimento para retornar.

Eric: – Por quê?

Hank: – É descida. É mais provável que achemos água.
Eric volta para a bifurcação, olhando para Hank. Ele franze o cenho. Os outros assistem apreensivos, sentindo a tensão.

Eric: – O outro caminho tem uma estrada melhor, deve levar a uma cidade.
Hank, algo impaciente, mas tentando se manter calmo.

Hank: – Eu sou o líder, Eric. Você mesmo disse isso antes, lembra?
Eric fica de frente para Hank, encarando-o.

Eric: – Eu estava sob um bocado de pressão naquela hora. Talvez eu veja as coisas mais claramente agora (pausa). Talvez seja a hora de termos uma pequena votação. O que você diz, Presto?
Eric se vira para Presto em busca de apoio. Presto olha para os outros nervosamente.

Presto: – Ah, bem, a estrada do leste realmente parece melhor.
Bobby fica ao lado de Hank, assim como Uni. Diana já está ao lado dele.

Bobby: – Ah, é? Bem, eu penso que a estrada do oeste parece melhor.
Uni olha para Eric desdenhosamente. Sheila parece incerta e, como sempre, ela tenta mediar.

Sheila: – Agora espere um minuto, Bobby…
Bobby a interrompe.

Bobby: – Fica fora disso, mana!
Sheila, atordoada, dá um passo para trás, o que a põe mais perto de Eric. Uma discussão violenta começa, os garotos gritam, apontando dedos uns para os outros acusadoramente. Hank é o único que não toma parte nisso. Ele olha de um lado para o outro chocado e incrédulo.

Garotos: – Você não sabe sobre o que está falando! Ah, cala a boca! Você está sempre se metendo! (etc.)
Hank fica entre as duas facções e levanta as duas mãos, gritando.

Hank: – Parem, PAREM!
Os outros param e olham para ele.

Hank: – Vamos lá, nós todos sabemos o que é isto. Não estamos zangados uns com os outros, estamos zangados com o Mestre dos Magos.
Os outros sabem que ele está certo, parecem embaraçados, evitando o olhar dos outros. Hank faz um gesto de desamparo.

Hank: – Eu não sei o que lhes dizer… exceto que está ficando escuro, e é melhor acharmos um lugar para acampar (pausa, e então para o Eric). Você faz questão, Eric? Então está bem. Lidere o caminho.
Eric parece um tanto ofendido com Hank, então se vira e toma a estrada do leste. Os outros o seguem. Hank assiste. Bobby e Uni são os últimos. Bobby se vira e olha para Hank. Hank começa a andar, com um olhar impassível.

CORTE PARA: MAR DAS TRISTEZAS – NOITE – PRÓXIMO AO BOSQUE
Uma pilha de galhos secos está na areia. Uma flecha de energia os atinge, ateando-lhes fogo e transformando-os em uma fogueira. Os garotos e Uni estão sentados em pedras e troncos em volta do fogo. Hank larga o arco e senta com eles. Ao fundo podemos ver os reflexos da lua brilhando na superfície do mar. Ouve-se o som de ondas batendo.

Diana: – Talvez não fosse realmente o Mestre dos Magos…
Eric mexe na fogueira com um graveto. Fagulhas se espalham.

Eric: – Era ele. Você acha que eu não o reconheceria? (pausa, e num tom revoltado) Todo esse reino é uma prisão, sabiam? E nós somos todos prisioneiros. Nós pensamos que o Mestre dos Magos era nosso amigo, mas agora sabemos que ele não passa de outro guarda.
Sheila se aproxima do fogo, tremendo mais de medo do que de frio.

Sheila: – O que vamos fazer agora? Se o Mestre dos Magos nos abandonou, quem vai nos ajudar?

Vingador: – Eu vou ajudá-los.
Todos eles conhecem aquela voz. Em um instante todos estão de pé, armas prontas, encarando a escuridão que cerca a fogueira. O Vingador dá um passo para fora da escuridão entrando no círculo de luz da fogueira. Uni se esconde atrás de Bobby. O Vingador ergue as mãos em sinal de paz.

Vingador: – Fiquem calmos, meus jovens inimigos. Eu não vou feri-los.
Hank olha cheio de suspeita por trás de uma flecha de energia pronta para disparar.

Hank: – Mexa-se bem devagar, Vingador.
Um dos cantos da boca do Vingador ergue-se suavemente ao ouvir o aviso de Hank. Ele olha para os garotos.

Vingador: – Então, o Mestre dos Magos finalmente mostrou sua real face. Vocês nunca se perguntaram porque os conselhos dele sempre os levaram para batalhas, e nunca de volta para seu próprio mundo?
Eric, Sheila e Presto parecem indecisos. Bobby, Diana e Hank continuam mantendo suas armas prontas. Apenas as ondas quebram o tenso silêncio.

Vingador: – Tem sido conveniente para vocês encarar o Mestre dos Magos como bom, e a mim como mal. Mas as coisas não são tão simples.
O Vingador olha fixamente para as chamas.

Vingador: – Eu lhes permiti viver antes. Ajudem-me agora, e eu lhes concederei o seu maior desejo. Eu os mandarei de volta para seu mundo.
Ele faz um gesto para as chamas. Elas aumentam, formando um portal miniatura no qual é possível ver o parque de diversões. Eric, Sheila e Presto olham esperançosamente para a imagem tremeluzente.

Vingador: – Longe, ao sul, situa-se a Fronteira do Reino. Lá vocês encontrarão um cenotáfio. Uma tumba vazia. Dentro está uma chave, a qual vocês devem lançar dentro do Abismo.
O Vingador faz outro gesto e a imagem desaparece ao mesmo tempo em que uma onda quebra particularmente alta.

Vingador: – Façam isso, e vocês voltarão para casa. Vocês têm a minha palavra.
A chama aumenta novamente, mais alta que nunca. Quando diminui, o Vingador desapareceu. Eles olham uns para os outros, sem fala. Repentinamente Hank dispara para o céu a flecha que estava preparada em um gesto de desafio. Ela explode acima das suas cabeças com um clarão, fornecendo uma luz sinistra.

Hank: – Esqueça Vingador! De jeito nenhum nós vamos trabalhar para você!
Eric dá um passo a frente.

Eric: – Espere um minuto, Hank. Que opção nós temos? O Mestre dos Magos nos abandonou. O Vingador pode ser nossa única passagem de volta.
Presto se junta a Eric.

Presto: – Eu acho que o Eric tem razão, Hank. O Vingador é cruel, mas tem um código. Eu acredito nele.
Sheila se junta a eles.

Sheila: – Eu também. Tudo que eu quero é voltar para casa, e não me importo com quem será o responsável por nos mandar de volta.
Hank, Bobby, Uni e Diana olham para os outros incrédulos.

Diana: – Vocês não podem estar falando sério. Vocês sabem que o Vingador significa encrenca.
Hank se dirige a Eric e estende uma mão a ele.

Hank: – Nós temos ficado junto, Eric…
Eric afasta a mão, com raiva.

Eric: – E daí, Hank? Nós temos ficado sempre juntos, e isso não nos levou para casa (pausa). Vocês podem fazer o que quiserem, mas nós vamos atrás daquela chave.
Ele se vira e vai embora. Presto hesita e então o segue. Sheila se vira e olha para Bobby.

Sheila: – Bobby, você não vai mudar de idéia?
Bobby parece muito jovem e indeciso, mas ele sacode a cabeça e se aproxima de Hank.

Bobby: – Eu acho que você está cometendo um erro, Sheila.
Sheila se vira e corre em direção à escuridão atrás dos outros. Hank, Bobby, Diana e Uni assistem a partida deles. Ouve-se o som das ondas.

CORTE PARA PRAIA – NOITE
As ondas, espumantes com o sal, quebram na praia. Um velho galeão está encalhado lá, as velas estão balançando em farrapos, salpicos de sal brilham ao luar. Eric, Presto e Sheila sobem ao convés destroçado.

Eric: – Você acha que pode fazer essa coisa voar, Presto?
Presto tira o chapéu e faz um passe mágico sobre ele, franzindo o rosto em concentração.

Presto: – A mágica no chapéu libertamos, deixe-nos voar pelo céu, como no mar navegamos.
Um arco de luz mágica cintilante surge do chapéu, envolvendo o galeão e o erguendo, com muitos rangeres de madeira velha, livre da areia. O galeão levanta vôo, o restante das velas voa inutilmente. Eric está na proa, olhando seriamente para frente. Sheila está logo atrás dele.

Sheila: – Nós estamos fazendo a coisa certa, Eric?
Eric não olha para ela.

Eric: – Eu não sei. Mas nós não vamos desistir.

CORTE PARA: ACAMPAMENTO
Hank, Bobby, Uni e Diana estão junto aos restos do fogo que vai se apagando, observando a silhueta do galeão passar pelas três luas.

Hank: – Nós temos que alcançar a Fronteira do Reino primeiro, de alguma maneira…
Um rugido o interrompe; todos olham para longe e reagem. Um enorme Dragão de Bronze ruge e pousa na beira d’água, suas asas espalhando espuma e areia. Bobby dá um passo atrás com precaução, erguendo sua clava.

Bobby: – Exatamente o que precisávamos, mais problemas!
Uni se manifesta. Diana dá um passo a frente.

Diana: – Espere, Bobby. Este é um dragão de bronze, ele pode nos ajudar.
O Dragão de Bronze observa Diana enquanto ela se aproxima com sua vara erguida. Ela dá leves pancadinhas em seus chifres com sua vara, como um guia indiano tranqüilizando um elefante. Com uma bufada, o dragão abaixa sua cabeça. Diana olha triunfante para os outros.

Diana: – A bordo!
Bobby, Uni e Hank se juntam a Diana nas costas largas do dragão. Há espaço suficiente para Uni se aconchegar no meio de duas das enormes placas que o dragão apresenta nas costas. Diana senta logo atrás dos chifres da fera.

Hank: – Espero que você saiba o que está fazendo, Diana.

Diana: – Eu também.
Ela dá uma leve batida nos chifres do dragão novamente. Com um rufar de asas, a grande criatura ergue-se no céu noturno. O dragão de bronze voa atrás da forma do galeão que vai sumindo na distância…

CORTE PARA: REINO – VISTA AÉREA – AMANHECER
Assim como a cena anterior, o dragão de bronze continua perseguindo o navio voador. Eles estão voando para o sul sobre uma terra pedregosa e árida que vai subindo em direção às distantes. No oeste, os dois sóis estão nascendo.
Diana, Bobby e Uni estão adormecidos, enroscados nas cavidades entre as placas à frente das asas que batem. Hank está em outra cavidade, olhando seriamente para frente, o vento batendo em seus cabelos. Ele olha para o galeão. Diana toca seu ombro. Ele se volta para vê-la atrás dele, esfregando os olhos sonolentamente.

Diana: – Você devia dormir um pouco.
Hank olha para a distância, franzindo o cenho.

Hank: – Por que você acha que estamos aqui, Diana?
Diana: – No Reino? (pausa) Eu sempre pensei que fosse para derrotar o Vingador.
Hank olha para frente novamente.

Hank: – Eu também, mas estou começando a imaginar. Talvez o Vingador esteja certo sobre uma coisa… talvez as coisas não sejam tão simples.
Bobby: – Ei, olhem!
Bobby e Uni estão acordados agora. Ele está em cima de uma das placas, apontando para frente agitadamente. As Montanhas de Fogo estão se aproximando e pode-se ver que elas são vulcões, na verdade. Cortinas de fumaça e cinza flutuam sobre caldeirões de lava borbulhante. Fontes incandescentes espirram. Nenhum dos picos está a ponto de entrar em erupção, mas todos juntos se apresentam como um desafio perigoso.
O galeão serpenteia no seu caminho através dos picos mortais. Eric olha para cima e engole em seco ao passar próximo a um lago de fogo.

Eric: – Ei, nós estamos indo mais devagar, Presto!
Presto tira seu chapéu e o sacode tentando tirar mais mágica dele. Nada acontece.

Presto: – Acho que o meu feitiço está ficando sem combustível.
Sheila olha para trás.

Sheila: – Eles estão nos alcançando.
O Dragão de Bronze voa através das nuvens de cinza. Hank está encostado a uma das placas, olhando para baixo.

Hank: – Parem! Por favor!
Eric olha para cima desafiadoramente.

Eric: – De jeito nenhum! Esta é a nossa última chance de ir para casa!
Hank fica zangado. Ele pega o arco.

Hank: – Então que seja como vocês querem!
Diana agarra a sua mão.

Diana: – Hank! O que você está fazendo?
Hank: – Eu vou forçá-los a descer!
Ele se livra do braço de Diana e dispara uma flecha para baixo. Eric ergue o seu escudo; a flecha ricocheteia e atinge direto uma das rochas derretidas e ferventes, causando uma tremenda erupção. Uma chuva de fragmentos ardentes cai no convés, ateando fogo ao restante das velas em trapos. Nuvens brilhantes envolvem o barco. Sheila e Presto se juntam sob o escudo de Eric assim que pedaços de enxofre os atingem. Fumaça obscurece a cena enquanto Sheila, Eric e Presto gritam com medo.
No dragão, Hank, Bobby, Uni e Diana olham horrorizados.

Bobby: – Hank! O que foi que você fez?
Enquanto isso, pedaços em chamas são lançados da cratera em atividade, para dentro das crateras próximas. Um lado inteiro da montanha explode, enviando um vento queimante de rocha, uma nuvem mortal de gás incandescente e pedra em pó.
À medida que o vento mortal vem em sua direção, Hank, Diana, Bobby e Uni gritam apavorados. O dragão de bronze vira em uma tentativa de escapar da nuvem de pedra super aquecida.

ATO II: A REVELAÇÃO
MONTANHAS DE FOGO – DIA
Erupções explodem com força total, e o vento de rocha vem se aproximando do dragão de bronze, que se esforça para ultrapassá-lo. Hank, Diana, Bobby e Uni se agarram por suas vidas. Hank olha para trás para o vento que se aproxima, vindo como uma onda negra.

Hank: – É muito rápido para nós!
Uni bale apavorada. Diana se aproxima com sua vara e dá pancadinhas no dragão debaixo do focinho.

Diana: – Suba! Suba!
O dragão de bronze sobe assim que o vento de rocha vaporizada passa, não os atingindo.

CORTE PARA: PLANÍCIE DE LAVA – DIA
O céu está avermelhado, com as Montanhas de Fogo ao fundo. Rios de lava brilham ao longo do horizonte. O exausto dragão de bronze pousa. Hank, Diana, Bobby e Uni descem, e o dragão de bronze parte. Os quatros, deprimidos, viram-se para olhar a fileira de fogo na distância. Bobby está chorando.

Bobby: – Eles não conseguiram, né?!?
Diana: (com falso ânimo) – Claro que eles conseguiram! Eles já passaram por coisas piores que isso!
Bobby a ignora, olhando para Hank.

Bobby: – Hank?

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